Experimento Ganzfeld

Cobaia num experimento Ganzfeld objetivando averiguar a PES conhecida como telepatia

O Experimento Ganzfeld (do alemão "campo inteiro") é uma técnica usada no campo da parapsicologia para testar a percepção extrassensorial (PES) em algum indivíduo. Nela é usada uma estimulação sensorial homogênea e despadronizada para produzir o chamado efeito ganzfeld,[1] um efeito semelhante ao de privação sensorial (nesta há redução ou a remoção deliberada de estímulos de um ou mais dos sentidos como visão, etc.). O termo Ganzfeld pode ser utilizado tanto para nomear o ambiente onde o experimento se realiza quanto para o próprio experimento.

O efeito ganzfeld tem sido utilizado em muitos estudos de neurociência, além da parapsicologia. A privação de estímulos sensoriais padronizados é para propiciar as impressões geradas internamente no indivíduo, algumas das quais poderiam ter origem extrassensorial.[2] A técnica foi idealizada por Wolfgang Metzger, em 1930, como parte de sua investigação sobre a teoria gestalt.[3]

Parapsicólogos como Dean Radin e Daryl Bem dizem que experimentos ganzfeld apresentaram resultados que se desviam da aleatoriedade em um grau significativo, e que esses resultados apresentam, até o momento, algumas das mais fortes evidências quantificáveis ​​para a existência da telepatia .[4] Todavia, críticos como Susan Blackmore e Ray Hyman alertaram que os resultados não são conclusivos e consistentemente indistinguíveis do nullus resultarum (Hipótese nula).[5] Porém, Susan Blackmore mudou de ideia em 1993, após os resultados divulgados por Charles Honorton.[6] Em 1997 ela ressaltou outra vez o valor dos resultados obtidos como comprovadores de psi (poderes psíquicos),[7] e reafirmou o caráter metodológico impecável dos experimentos em 2001, citando novos estudos favoráveis a psi.[8]

O astrônomo Carl Sagan foi outro cético que chamou a atenção da comunidade científica para a importância dos testes ganzfeld.[9]

O prêmio Nobel de Física, Brian Josephson, também é um defensor da Parapsicologia, selecionando o ganzfeld como entre os melhores experimentos do campo[10], tendo publicado uma carta na revista Nature onde divulga a criação de sua página sobre parapsicologia.[11]

Em 2010, a 8ª meta-análise da base de dados ganzfeld foi publicada, com resultados positivos e significativos.[12]

Um artigo de 2016 publicado na PloS One examinou Práticas de Pesquisa Questionáveis (PPQs) ​​nos experimentos ganzfeld e concluiu que ainda que as PPQs ocorressem, os resultados ainda seriam significativos.[13]

  1. Radin 1997, p. 70–80
  2. «Parapsychological Association website, Glossary of Key Words Frequently Used in Parapsychology». Consultado em 6 de dezembro de 2012 
  3. Metzger, W (1930). «Optische Untersuchungen am Ganzfeld: II. Zur Phanomenologie des homogenen Ganzfelds». Psychologische Forschung (13): 6–29 
  4. Radin 1997
  5. Hyman, Ray (março 1996). «The evidence for psychic functioning: Claims vs. reality». The Skeptical Inquirer. 20 (2): 24–26. Consultado em 6 de dezembro de 2012 
  6. Blackmore, Susan (1993). «Charles Honorton's legacy to parapsychology.». Skeptical Inquirer. 17: 306-308. Os resultados desses estudos automatizados foram surpreendentemente significativos. Minha própria impressão ao ler o texto muitas vezes foi que as experiências foram muito bem-elaboradas e os resultados decerto não se deviam ao acaso. Caso fossem provenientes de algo que não fosse psi, não estava óbvio o que era. Em outras palavras, essas experiências se destacavam de toda a massa de estudos fracassados, de pouca importância ou obviamente falhos. [...] Todos os interessados em parapsicologia, sejam crentes, descrentes ou céticos, devem levar esses resultados a sério. Não podem ser facilmente descartados. Obedecem à maioria, se não a todos, os requisitos definidos pelos céticos, e os resultados foram importantíssimos, convincentes para muitos da realidade da psi em laboratório. 
  7. «psi - the ganzfeld experiments». Consultado em 16 de outubro de 2017. Arquivado do original em 26 de agosto de 2016. Eu cheguei à conclusão que Honorton fez o que os céticos pediram, ou seja, ele produziu resultados que não se devem a qualquer falha experimental muito óbvia. Eu acho que ele tem levado os céticos como eu a dizer que ou é alguma falha extraordinária que ninguém pensou, ou é algum tipo de fraude. Ou é PES genuína. Muitos céticos têm sido condescendentes em sua atitude. Os argumentos são ad hoc e mal referenciados. Acho que um verdadeiro desafio foi apresentado. 
  8. Blackmore, Susan (2001). «What Can the Paranormal Teach Us About Consciousness?». Skeptical Inquirer. Consultado em 16 de outubro de 2017. The ganzfeld achieved scientific respectability in 1994 when Bem and Honorton published a report in the prestigious journal Psychological Bulletin, bringing the research to the notice of a far wider audience. They republished Honorton’s earlier meta-analysis and reported impressive new results with a fully automated ganzfeld procedure — the Princeton autoganzfeld — claiming finally to have demonstrated a repeatable experiment. Not long afterwards Wiseman, Smith, and Kornbrot (1996) suggested that acoustic leakage might have been possible in the original autoganzfeld. This hypothesis was difficult to assess after the fact because by then the laboratory at Princeton had been dismantled. However, Bierman (1999) carried out secondary analyses which suggested that sensory leakage could not account for the results. Since then further successes have been reported from a new ganzfeld laboratory in Gothenburg, Sweden (Parker 2000), and at Edinburgh, where the security measures are very tight indeed (Dalton, Morris, Delanoy, Radin, Taylor, and Wiseman 1996). 
  9. Sagan, Carl (2006). O mundo assombrado pelos demônios. São Paulo: Companhia das Letras. 343 páginas. No momento em que escrevo, acho que três alegações no campo da percepção extra-sensorial (ESP) merecem estudo sério: (1) que os seres humanos conseguem (mal) influir nos geradores de números aleatórios em computadores usando apenas o pensamento; (2) que as pessoas sob privação sensorial branda conseguem receber pensamentos ou imagens que foram nelas “projetados”; e (3) que as crianças pequenas às vezes relatam detalhes de uma vida anterior que se revelam precisos ao serem verificados, e que não poderiam ser conhecidos exceto pela reencarnação. Não apresento essas afirmações por achar provável que sejam válidas (não acho), mas como exemplos de afirmações que poderiam ser verdade. Elas têm, pelo menos, um fundamento experimental, embora ainda dúbio. Claro, eu posso estar errado. 
  10. http://www.tcm.phy.cam.ac.uk/~bdj10/psi.html
  11. http://www.tcm.phy.cam.ac.uk/~bdj10/psi/martian.html
  12. Storm, L.; Tressoldi, P. E., & Di Risio, L. (2010). «Meta-analysis of free-response studies, 1992–2008: Assessing the noise reduction model in parapsychology.». Psychological Bulletin: 471– 485. doi:10.1037/a0019457 
  13. Bierman, D. J.; Spottiswoode, J. P., & Bijl, A. (2016). «Testing for questionable research practices in a meta-analysis: An example from experimental parapsychology.». PloS one, 11(5), e0153049. We conclude that the very significant probability cited by the Ganzfeld metaanalysis is likely inflated by QRPs, though results are still significant (p = 0.003) with QRPs. 

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